quinta-feira, julho 14, 2005

ARTIGO FINAL - NOVAS TECNOLOGIAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE EDUCACÃO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO II
DOCENTE: ADRIANE HALMANN
DISCENTE: VINICIUS SILVA












Artigo apresentado à disciplina EDC-266 - Informática aplicada na educação, optativa ao curso de Ciências Naturais, como requesito parcial de avaliação para obtenção do título de licenciatura plena.










SALVADOR – BAHIA
NOVAS TECNOLOGIAS: A EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA.

Vinicius Santana Silva
(vinnyssilva@gmail.com )

Resumo:

Existe a consciência de que um bom domínio das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) é essencial para garantir o acesso ao emprego, o desenvolvimento pessoal e o exercício de cidadania. Estes objetivos colocam, porém, muitos desafios tanto aos professores já em exercício como às instituições de formação inicial. Os professores hoje confrontados com uma razoável variedade de software educacional e, para além disso, com a Internet. Particularmente, a World Wide Web (WWW) oferece possibilidades muito interessantes como meio de acesso a uma vastíssima quantidade de informação. Simultaneamente, a WWW facilita a participação ativa dos seus utilizadores, pois, através da construção de páginas informáticas é possível desenvolver uma atividade produtiva de grande alcance, estimulando o sentido de organização das idéias e a capacidade de expressão.
Proponho apresentar a nossa perspectivas sobre as Novas Tecnologias na Educação direcionadas a professores em exercício e em formação caracterizando a importância da tecnologia para educação, principalmente a internet - papel que nela pode desempenhar o trabalho com a Internet.
Palavra-chave: Novas tecnologias, avanços tecnológicos, tecnologia, formação de professores.







AVANÇOS TECNOLÓGICOS
O avanço da tecnologia se configura em duas faces: de um lado, registra-se o avanço irreversível de toda uma gama de ciência e tecnologia e, neste sentido, é uma questão resolvida, não travada; de outro lado, esse avanço impõe a reorganização constante e permanente da vida de todos nós em temporalidades cada vez menores. Isto nos remete a considerar viver em uma sociedade que lida com a informação e com a mudança em ritmos e quantidades vertiginosas. Na linha de frente, os meios de comunicação social potencializando o uso da imagem, da informação e do discurso. Pensadores e críticos da atualidade chamam nossa atenção para dois fatores relevantes a este respeito: primeiro, a quantidade de informações disponíveis não significam, necessariamente, que conseguimos construir significados ou sentidos para/com elas e, dessa forma, não construímos conhecimentos, havendo pois que distinguirmos entre informação (disponível) e conhecimento (construído); e, segundo, é preciso estar atento com a divisão das informações entre os usuários, pois há informações, disponíveis apenas para a elite, que a grande maioria do povo não tem acesso. Consumidores do século XXI e cidadãos do século XIII, metaforiza a este respeito. Em ambos os casos, os dois fatores indicados dizem respeito à Educação: participação, decisão, democratização e acesso ao saber. Por outro lado, é impossível desconsiderar o potencial democratizador, dialógico, dos meios, em particular da televisão e, nesse sentido, é imprescindível para os estudiosos das relações Comunicação e Educação considerarem esta questão sob a ótica do chamado "espaço público mediatizado". Ao consumir, isto ou aquilo, bens materiais ou simbólicos, mais do que ser enquadrados como "vorazes consumidores de superficialidades" e "objetos de manipulação da economia capitalista", os consumidores estariam tecendo as malhas do tecido social a que pertencem ou desejam pertencer, criando sua identidade. Ao usar bonés ( e consumir tipos e marcas diferentes ) , para ficarmos em um exemplo banal e pleno de cotidianeidade, os jovens estão "marcando" sua identidade, delimitando seus territórios, estabelecendo suas regras de participação neste ou naquele grupo. Neste contexto de globalização, em que a vida urbana é permanentemente reordenada, a nação declina e os atores públicos tradicionais perdem a cena do espetáculo, Canclini aposta que o consumidor assume-se como cidadão, apropriando-se coletivamente dos bens materiais e simbólicos, construindo "pactos de leitura" e desenvolvendo o papel regulador do consumo em comunidade de pertencimento. De certa forma, pode-se pensar que esta é uma forma de reação dos novos atores sociais na direção da construção de uma subjetividade que quer se impor ante a massividade dos meios.



NOVAS TECNOLOGIAS
Cada tecnologia modifica algumas dimensões da nossa inter-relação com o mundo, da percepção da realidade, da interação com o tempo e o espaço. Com o aperfeiçoamento da realidade virtual, simularemos todas as situações possíveis, exacerbaremos a nossa relação com os sentidos, com a intuição. Vamos ter motivos de fascinação e de alienação. Podemos comunicar-nos mais facilmente que antes. Nossa mente é o melhor tecnologia, porque pensa, relaciona, sente, intui e pode surpreender.
Quando se fala da tecnologia da educação posso dizer que não há nenhuma mudança necessariamente a relação pedagógica. As tecnologias tanto servem para reforçar uma visão conservadora como uma visão progressista.
As tecnologias modificam algumas funções do professor, mas não o substituem. A tarefa de passar informações pode ser deixada aos bancos de dados, livros, vídeos. O professor se transforma agora no estimulador de curiosidade do aluno por querer conhecer, por pesquisar, por buscar a informação mais relevante. Transforma informação em conhecimento e conhecimento em saber, em vida, em sabedoria – o conhecimento com ética.
Na escola, as tecnologias estão permitindo um novo encantamento. Ao abrir suas paredes e possibilitar que os alunos comessem e pesquisem com outros alunos da mesma cidade, país ou do exterior, no seu próprio ritmo. O mesmo acontece com nós professores. Alunos e professores encontram inúmeras bibliotecas eletrônicas , revistas on-line, imagens e sons, que facilitam a tarefa de preparar as aulas, fazer trabalhos de pesquisa e ter materiais atraentes para apresentação. O professor pode estar mais próximo do aluno. Assim, o processo de ensino-aprendizagem pode ganhar assim um dinamismo, inovação e poder de comunicação inusitados.
O re-encantamento, em fim, não reside principalmente nas tecnologias – cada vez mais sedutoras – mas em nós mesmos, na capacidade em torna-nos pessoas plenas, num mundo em grandes mudanças e que nos solicita a um consumismo devorador e pernicioso. É maravilhoso crescer, evoluir, comunicar-se plenamente com tantas tecnologias de apoio. É frustante, por outro lado, constatar que muitos só utilizam essas tecnologias nas suas dimensões mais superficiais, alienantes ou autoritárias.
O PAPEL DA TECNOLOGIA
Importa, desde já, esclarecer que competências consideramos fundamentais para o professor, neste âmbito. De fato, julgamos que o entusiasmo pela infusão das TIC na formação de futuros professores não deve traduzir-se na criação de especialistas em informática. A preocupação principal deverá ser a de formar professores que saibam utilizar essa tecnologia de maneira refletida e adaptada à sua disciplina e aos níveis que irão selecionar. Assim, identificam-se como principais competências necessárias ao professor, neste domínio:

- o conhecimento de implicações sociais e éticas das TIC;
- a capacidade de uso de software utilitário;
- a capacidade de uso e avaliação de software educativo;
- a capacidade de uso de TIC em situações de ensino-aprendizagem.
(Ponte e Serrazina, 1998, p. 12)
A introdução bem sucedida das novas tecnologias na sala de aula exige, para além da compreensão por parte do professor do porquê e do como da sua utilização, a familiarização pessoal com essa tecnologia. Para que ganhe confiança nas suas capacidades nesta área, torna-se necessário ter oportunidade de trabalho individual e em grupo, estendido ao longo de um período de tempo considerável. Só assim é possível que venha a confrontar-se com as dificuldades e, também, a experimentar os sucessos. Isto é tanto mais importante na medida em que muitos professores sentem-se totalmente ultrapassados pelos seus alunos, que evidenciam uma bagagem de conhecimentos e um à vontade que os deixa verdadeiramente intimidados. Aos futuros professores devem ser, pois, proporcionada a livre utilização das TIC para além dos espaços de trabalho no âmbito das disciplinas que integram o seu plano de estudos.
Existem, ainda, outras competências que começam a ser exigidas aos professores face à complexidade da atual Sociedade da Informação. Por exemplo, Miguéns (1998) refere que, perante a incerteza e indeterminação que caracterizam a sociedade atual, é primordial que a escola e o professor as saibam enfrentar. Deste modo, existe a necessidade de um professor que seja “capaz de lidar com a enorme diversidade de exigências que a sociedade lhe coloca e que requerem profissionais reflexivos, investigadores, criativos, participantes, intervenientes e críticos” (p. 183). Acrescenta ainda, “além do mais, um professor disponível para aprender ao longo da vida”. A formação do professor tem, assim, de ser encarada numa perspectiva de desenvolvimento profissional, constituindo a formação inicial apenas o princípio de todo o processo.
A formação deve também proporcionar ao futuro professor, tanto quanto possível, uma antevisão do mundo da prática profissional, promovendo o contato com a realidade escolar. Deste modo, é importante que a estes seja dada a oportunidade de conhecer experiências e projetos realizados nas escolas e programas oficiais no âmbito da utilização das TIC.

PAPEL DO PROFESSOR – INTERNET

A Internet já está na escola. Quer seja por influência de programas governamentais, pela iniciativa dos professores ou pela curiosidade dos alunos, ela é uma presença incontornável para o professor. Contudo, a sua integração nas atividades letivas está longe de ser algo simples. De fato, embora seja reconhecido que a procura de informação na Internet pode fomentar nos jovens “a exploração, análise, síntese e integração” (Pugalee e Robinson, 1998, p. 79), ela não garante só por si mais e melhor aprendizagem: o papel do professor é fundamental. No entanto, esse papel muda, substancialmente, na medida em que o professor deixa de ser a única (ou primária) fonte de saber na aula, passando a ter uma função fundamental na criação de tarefas, problemas e questões que desafiem e apóiem o aluno (idem). Por outro lado, a complexidade da sua ação revela-se também ao orientar as aprendizagens em contextos em que, pela natureza do recurso em causa, não é possível exercer um controle elevado.
O tipo de interação que se estabelece com a fonte de informação ou de saber é, muito diversa dos materiais tradicionais, como o livro, por exemplo. No período anterior à Sociedade de Informação a lógica linear prevalecente, até mesmo na estruturação da aprendizagem, era a do princípio, meio e fim. Com o surgimento da Internet surge uma outra lógica: um pensamento por possibilidades que segue “o caminho de uma malha, determinada não pela fonte da informação mas pelo utilizador que com ela interage.” Em consequência, o professor é, muito provavelmente, confrontado com uma grande multiplicidade de caminhos, o que embora constituindo um desafio pode, também, ajudar a corresponder ao ensejo de conceder uma maior atenção às questões da diversidade, em particular, quanto ao respeito pelos ritmos personalizados de aprendizagem.
Uma outra atribuição do professor, face ao descomunal mundo de informação que se encontra na WWW, é levar os alunos a desenvolver capacidades que lhes permitam navegar neste “labirinto virtual” sem perderem de vista aquilo que procuram (Marques, 1998). É fundamental que o professor se preocupe com aspectos tais como “o que procurar e selecionar, como procurar e para que procurar” (Praia, 1998, p. 167) explicitando-os, igualmente, aos alunos. Adicionalmente, os alunos precisam desenvolver um espírito crítico e inquisitivo, uma vez que é necessário distinguir quais são as fontes credíveis, as que têm rigor e as que são relevantes.
Um dos aspectos mais inovadores da Internet, como meio de comunicação e informação, é permitir que os seus utilizadores assumam um duplo papel de consumidores e produtores de informação. A interatividade cria “um novo modelo de comunicação, com cidadãos ativos e intervenientes, que interagem diretamente com a fonte de informação e que são eles próprios fontes de informação.” (Marques, 1998, p. 87). Esta característica constitui, sem dúvida, um fator de grande motivação para os alunos e com enormes potencialidades em termos educativos. Por um lado, porque estimula um conjunto importante de aprendizagens pessoais, por outro, porque é um meio de promover o contato entre alunos que se encontram em diferentes lugares geográficos, e muitas vezes, longínquos.
Como referimos anteriormente, é evidente que, para estar desperto e preparado para a complexidade das suas funções neste contexto de utilização das TIC, o futuro professor precisa, ele próprio, de possuir uma experiência significativa com estes meios. No entanto, ainda não dispomos de um conjunto razoável de estudos que evidenciem como é possível integrar com sucesso a formação no âmbito das TIC nos cursos existentes, nem tão pouco quais as repercussões dessa formação na prática dos professores (Pugalee e Robinson, 1998). No caso de professores em exercício, existe alguma evidência de que estes consideram que a Internet é um recurso com muitas potencialidades na educação e que vêem a construção de páginas pessoais eletrônicas como uma atividade estimulante, significativa e produtiva, inclusivamente para outros professores que as consultem.

TECNOLOGIA EM SALA DE AULA
O uso da tecnologia em sala de aula é bastante válido no sentido que possibilita “um ensino e uma aprendizagem mais criativa, autônoma, colaborativa e interativa”. No entanto, o professor ainda, muitas vezes, mantém-se apreensivo e reticente em utilizar a tecnologia em sua aula. Muitas são as razões para que o professor haja dessa maneira: não saber como utilizar adequadamente a tecnologia nas escolas, não saber como avaliar as novas formas de aprendizagem provenientes desse uso, não saber como usar a tecnologia e, algumas vezes por falta de apoio dos colegas ou da escola para o uso de inovações em sala de aula.
Diante dessas dificuldades e de outras que possam surgir, a solução ou o auxílio devem vir do supervisor escolar. A busca de novas técnicas ou métodos que auxiliem a aprendizagem do aluno é algo constante na ação do supervisor, dessa forma o uso da tecnologia é algo que vem auxiliar essa ação. Professor e supervisor devem caminhar juntos procurando conhecer todas as possibilidades oferecidas pela tecnologia que os auxiliem a desenvolver um ensino e uma aprendizagem em que a criatividade e a interação sejam as principais características.
O supervisor escolar na questão do uso adequado da tecnologia deve ser parceiro do professor no sentido de conhecer e analisar todos os recursos disponíveis buscando a sua melhor utilização. Nada adianta fazer uso da tecnologia se isso não é feito da melhor maneira possível. As crianças e os adolescentes até podem apresentar, muitas vezes, um conhecimento bem mais adiantado de todas as ferramentas tecnológicas hoje existentes, mas esse conhecimento não será útil se ele não for utilizado de maneira crítica. Supervisor e professor devem caminhar juntos procurando desenvolver, em todos os trabalho envolvendo a tecnologia, a competência crítica dos alunos.
O uso adequado da tecnologia no ambiente escolar requer cuidado e atenção por parte do professor para avaliar o que vai ser usado e reconhecer o que pode ou não ser útil para facilitar a aprendizagem de seus alunos tornado-os críticos, cooperativos, criativos. Além disso, requer do supervisor escolar uma disposição para aceitar o novo, conhecê-lo senão profundamente, em parte, para ser capaz de julgá-lo e procurar encaixá-lo na sua prática e na do professor da sua escola.
Dessa forma conclui-se que o uso das novas tecnologias na educação e no ambiente escolar é algo que existe e deve ocorrer. No entanto, é algo que deve ser feito com cuidado para que a tecnologia (computador, Internet, programas, CD-ROM, televisão, vídeo ou DVD) não se torne para o professor apenas mais uma maneira de “enfeitar” as suas aulas, mas sim uma maneira de desenvolver habilidades e competências que serão úteis para os alunos em qualquer situação de sua vida. O uso das tecnologias deve proporcionar dentro do ambiente escolar uma mudança de paradigma, uma mudança que vise à aprendizagem e não o acumulo de informações.

























BIBLIOGRAFIA

Marques, R. (1998). Os desafios da sociedade da informação. Em Conselho Nacional de Educação (ed.), A Sociedade da Informação na Escola. Lisboa: Editorial do Ministério da Educação.
Miguéns, M. (1998). Um olhar através da didáctica das ciências. Em Conselho Nacional de Educação (ed.), A Sociedade da Informação na Escola. Lisboa: Editorial do Ministério da Educação.
Ponte, J. P. e Serrazina, L. (1998). As novas tecnologias na formação inicial de professores. Lisboa: Editorial do Ministério da Educação.
Praia, J. F. (1998). A didática e as novas tecnologias na formação de professores: algumas reflexões. Em Conselho Nacional de Educação (ed.), A Sociedade da Informação na Escola. Lisboa: Editorial do Ministério da Educação.
Pugalee, D. K. e Robinson, R. (1998).
Marília F Nune - http://www.centrorefeducacional.com.br/supertec.htm - acessado 12/07/2005.

Nenhum comentário: