quinta-feira, junho 16, 2005

Radialistas na Educação

Interesse dos radialistas – A tentativa de formar uma Rede de Comunicadores pela Educação atesta a importância atribuída ao rádio como veículo para informar e mobilizar as pessoas em torno dos assuntos de educação. Resta saber se as emissoras de rádio estão cobrindo a pauta de educação e se os radialistas têm de fato interesse pelo tema.
Como disse a especialista em rádio, Sônia Virgínia Moreira, “o papel do radialista deve ser o de colaborar para que a comunidade receba informações sobre os investimentos e ações na educação e exija, junto com a comunidade, a melhoria da qualidade da escola junto às autoridades locais (...) Falar em educação pode aumentar a audiência dos programas de rádio. Muitos ouvintes têm filhos em idade escolar. Educação é notícia” (COSTA e NOLETO, 1997: 30).
As análises feitas sobre as oficinas de radiojornalismo e os programas distribuídos para a Rede de Comunicadores pela Educação demonstram que muitos radialistas têm essa percepção e estão interessados na pauta de educação.
A pesquisa por telefone feita pela Oboré Projetos Especiais em 1998 sobre a veiculação dos programas da série “A Caminho da Escola” descobriu que dos 926 radialistas contatados, 742 (80,1%) veicularam os programas e 577 (62,3%) utilizaram os spots e jingles distribuídos juntos.
A pesquisa verificou que 51,6% dos entrevistados têm interesse em receber com freqüência radiofônico sobre educação. Nos contatos telefônicos descobriu-se que os programas tiveram uso além das emissoras de rádio. Registrou-se o uso dos programas como material de apoio e educação a distância em salas de aula, reuniões de professores, pais e mestres, e encontros com a comunidade1.
O interesse pela pauta da educação e a boa recepção dos programas junto aos radialistas foram confirmados nas entrevistas com radialistas e visitas às emissoras de rádio do Ceará. Esse trabalho de campo acrescenta a qualidade técnica do programa sobre educação como fator de decisão para a sua veiculação. “Observa-se que há uma tendência significativa de melhor aproveitamento pelas emissoras comerciais, em especial aquelas situadas em pequenas cidades do interior. O radialista profissional tende a valorizar o produto pela sua qualidade técnica e de conteúdo. Ao aceitar veiculá-lo é movido pela vontade de apresentar ‘novidades’ para os seus ouvintes” (DEL BIANCO, 1999, 121).
Dados preliminares sobre os radialistas participantes nas oficinas de radiojornalismo realizadas em 2000 também apontam um alto interesse pela pauta de educação. Cerca de 85% dos comunicadores afirmou que sua emissora veiculava notícia sobre educação e 34% disse que a emissora veiculava programas sobre educação.
De acordo com os questionários aplicados, a pauta de educação do rádio parece mais positiva e focada na “busca de soluções” do que a grande imprensa. Trinta e dois por cento dos entrevistados respondeu que “soluções e alternativas para melhorar a educação” é o tipo de notícia que mais é veiculada, 21,7% disse que trata de denúncias e reclamações sobre a situação educacional do município e das escolas, 33% tratam dos dois tipos de notícia.
Ao contrário da imprensa escrita, a cobertura da educação no rádio é menos “chapa branca”, menos centrada no governo federal e mais próxima da realidade local e das escolas. Na questão sobre a procedência das notícias sobre educação que chegam às emissoras, 29,2% respondeu que a origem é do governo federal. Esse percentual é muito menor do que o verificado pela pesquisa Mídia e Educação sobre a cobertura da educação pela imprensa escrita, 74%2.
Os dados evidenciam as qualidades do rádio como meio de comunicação ágil e próximo dos ouvintes, mais propício para fazer a cobertura local da educação. Ainda no quesito cobertura governamental, percebeu-se que o rádio equilibra a procedência das notícias entre as três esferas de governo. A origem da informação é estadual em 25,8% das respostas assinaladas e tem origem na prefeitura ou na secretaria municipal de educação em 29,9% dos casos.
A maior proximidade dos ouvintes e das fontes não-oficiais de educação também é percebida quando os radialistas afirmam que a procedência da notícia é de dentro da escola ou da comunidade. Diretores de escolas foram indicados 23,5%, professores, 24,6%, alunos,18,5%, pais de alunos 15,4% (percentuais não-acumulativos). Além dos muros das escolas, o rádio também trata de educação quando dá voz ao seu público, os ouvintes foram indicados como a principal procedência das notícias sobre educação que chegam às emissoras (37%).
As avaliações feitas no âmbito da Rede de Comunicadores pela Educação atestam a importância do rádio para a educação, a vitalidade desse meio e a sua viabilidade para mobilização social.

Bibliografia:
CHAPARRO, M. C. Jornalismo na Fonte – s.l., s.n,, s.d.
COSTA, G. NOLETO, P. Chamada à Ação: manual do Radialista que cobre educação. BSB: Projeto Nordeste/Unicef, 1997
DEL BIANCO, N. Avaliação do Programa “Escola Brasil”. BSB: Fundescola/MEC, 2000
DEL BIANCO, N. Avaliação da estratégia de comunicação do Projeto Nordeste para o rádio. BSB: Fundescola/MEC, 1999
FERRARETTO, L. A. Rádio – o veículo a história e a técnica. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2000
OBORÉ PROJETOS ESPECIAIS. Relatório da pesquisa e avaliação dos programas de rádio “a caminho da escola”. SP, 1999
ROSSETTI, F. “Resumo Executivo” in MÍDIA e EDUCAÇÃO: perspectivas para a qualidade da informação. BSB, 2000
VALENTIM, F. Avaliação do release ronoro “A Caminho da Escola”. BSB, Fundescola/MEC, 1999

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