quinta-feira, junho 16, 2005

O Rádio na Educação

O rádio é a escola dos que não têm escola. É o jornal de quem não sabe ler; é o mestre de quem não pode ir à escola; é o divertimento gratuito do pobre; é o animador de novas esperanças, o consolador dos enfermos e o guia dos sãos - desde que o realizem com espírito altruísta e elevado." Com essas palavras, Roquette Pinto, o patrono do rádio brasileiro, costumava definir esse veículo tão popular e fascinante que é o rádio.

Apesar de todos os avanços tecnológicos, o rádio ainda é o grande companheiro. Todas as pessoas podem possuir um radinho de pilha e transportá-lo para todos os cantos. Ele se adapta à vida das pessoas sem muitas exigências. Para muitos, principalmente no interior do país, o rádio é a mais importante e às vezes a única fonte de informação.

Na educação, o rádio é bastante útil para divulgar iniciativas governamentais e estimular o controle social junto a pais, professores e diretores de escolas, beneficiários dos serviços públicos de educação, sobretudo nos locais onde os problemas de ensino se apresentam mais agudos (e onde se diz que “só o rádio chega”).
Como disse a pesquisadora e professora de rádio da Universidade e Brasília, Nélia Del Bianco: “se o rádio é uma das mídias mais populares, por que não utilizá-lo na divulgação de notícias sobre educação e na distribuição de programas radiofônicos educativos que transmitem idéias e mensagens visando à promoção humana e o desenvolvimento integral do homem, podendo estimular a reflexão e a transformação social?” (DEL BIANCO, 2000: 4)1.
Rede de Comunicadores pela Educação - Para fazer com que a educação tenha mais notícia no rádio, o Ministério da Educação, em parceria com entidades do terceiro setor, está atuando para consolidar uma Rede de Comunicadores pela Educação nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O objetivo é ter mobilizados comunicadores para informar mais sobre a situação da educação nos municípios e assim estimular a participação da comunidade na vida escolar e na fiscalização dos recursos para o ensino público.
A rede está sendo articulada pelo Fundo de Fortalecimento da Escola, Fundescola, desde 1997, quando com o apoio do Unicef foi publicado o “Manual do Radialista que Cobre Educação” e treinados 565 radialistas dos estados do Nordeste em oficinas de radiojornalismo e educação. O Fundescola é um programa do MEC que conta com recursos do Banco Mundial para atendimento do ensino fundamental nas regiões mais pobres do país2.
Em 1998 começou a ser fornecido a esses comunicadores spots, jingles programas de rádio, como a rádio-novela “A Caminho da Escola”, e o “Boletim Técnico” do Fundescola para a cobertura da pauta da educação. Todos os membros da rede obtiveram autorização para retransmitir diariamente o programa de rádio sobre educação “Escola Brasil” da Rádio Nacional AM e Rádio Nacional Amazônia3, apoiado pelo Fundescola.
Em 2000, foram treinados mais 800 radialistas de 19 estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Essas oficinas foram realizadas por um consórcio de organizações não-governamentais, formado pela UCBC (União Cristã Brasileira de Comunicação Social), Rádio Extra – Projetos em Comunicação, Rádio Regional Cícero Dantas e AMEPPE (Associação Movimento de Educação Popular Integral Paulo Englert).
Em cada estado foram capacitados em média 40 radialistas de emissoras diferentes. Participaram das oficinas comunicadores de rádios comerciais, educativas, comunitárias e serviços de alto-falante.
Além das oficinas, as ONGs foram responsáveis pelas edições do informativo mensal “Educação no Ar” e pela publicação da “Cartilha do Radialista – Educação para Todos: Um Desafio de Comunicação”.
A realização das oficinas e produção de material para os radialistas vai ao encontro das recomendações de 150 jornalistas que participaram do encontro “Mídia e Educação”, realizado em novembro de 1999, em São Paulo. De acordo com os jornalistas, para promover a melhoria da qualidade da informação sobre educação deveriam ser criados fóruns regionais sobre mídia e educação e incentivar a formação permanente dos profissionais de comunicação e educação.

Rádio, no Brasil, é importante porque:

O país possui muitas áreas de complicado acesso, o que dificulta a divulgação de informação por meios impressos, como jornais, livros e revistas.

As taxas de analfabetismo são ainda muito altas, o que impede o aprendizado pela leitura.

Algumas faixas da população não dispõem de recursos para assinar jornais e revistas ou comprar televisores.

Ao contrário de outros países de proporções continentais e em fase de desenvolvimento, fala-se a mesma língua em todo o território nacional.

Conforme escreveu Mário Salimon, no livro Escola Brasil, "o povo brasileiro é verbal", gosta de conversar, dialogar, explicar as coisas. E a linguagem do rádio é assim, informal. Por isso, as informações são compreendidas com mais facilidade pelo público dessas regiões.

Mas, apesar de todas essas características favoráveis, o rádio ainda é um veículo pouco usado no Brasil para promover a educação. São raros os programas que tratam desse tema. Mas quando isso acontece, e o produto é bem elaborado, o retorno é garantido e imediato. O próprio Escola Brasil é o melhor exemplo disso.

Esse texto foi produzido pela professora de Português Simone Dantas do Colégio Estadual José Augusto Tourinho Dantas junto ao professor de Química Vinicius Silva. Foi elaborado com experiências vividas na própria rádio do colégio, dirigida pela professora e com a colaboração do professor Vinicius Silva baseado no texto Educação e Comunicação de Martha Scheimberg.

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