segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Química - A face negra da globalização.

A face negra da globalização


Durante muito tempo, nós químicos, fizemos química de frente para a bancada, mas de costas para a janela dos laboratórios. Esse aparente desinteresse pelos processos químicos que ocorrem na biosfera não ocorreu apenas no Brasil, mas foi um fenômeno global. A partir da década de 60, a sociedade foi repentinamente tomada por uma nova ordem. A informação transformou nosso planeta num sistema único, interligado. Quando vimos a primeira fotografia de nosso planeta tirada de uma nave espacial, descobrimos que a terra era realmente azul, flutuando no espaço como se fosse um organismo vivo, único. Descobrimos também que uso indiscriminado de pesticidas estava colocando a nossa saúde em risco ao contaminar os alimentos e a água, que o lixo industrial e urbano estavam sendo descartados inadequadamente e que o nosso ar estava se tornando irrespirável. O modelo econômico em prática não mais servia porque tratava o nosso planeta finito e limitado como se fosse algo infinitamente rico e capaz de prover recursos ilimitados a uma população que crescia assustadoramente. Como se não bastasse, via a indústria química como um mero transformador desses recursos naturais em bens de consumo, sem se importar com os rejeitos impactantes gerados nessas transformações.

A década de 70 já mostra uma melhoria significativa, resultado de uma organização e mobilização da sociedade, agora protegida por uma legislação ambiental cada vez mais restritiva, preocupada com o destino dos compostos químicos no meio ambiente. A partir dos anos 80, até os dias de hoje, abraçada pela mídia , a questão ambiental passa a ser um tema de discussão em todos os segmentos da sociedade.

Muito embora a democratização da discussão sobre as questões ambientais tenha sido um dos principais fatores para maior conhecimento dos processos de degradação da nossa qualidade de vida e para aprimoramento de uma legislação pertinente, os problemas de poluição ambiental ainda são cercados de muita desinformação , o que muitas vezes dificulta a escolha da melhor opção preventiva ou paliativa para o problema. Parte desta desinformação pode ser atribuída a um histórico que nós, químicos, cometemos há quatro décadas, quando deixamos a sociedade sem respostas quando se questionaram, por exemplo, os riscos inerentes ao uso de DDT, dos metais pesados e da emissão de gases causadores do efeito estufa, dentre outros. Pesquisas recentes do IBGE apontam que a expectativa de vida do brasileiro passou de 43 anos, na década de 50, para 68 anos em 2000. Parte deste apreciável salto na qualidade de vida se deve aos avanços na área de saneamento ambiental e processos de desinfecção da água, ao aumento da diversificação agrícola, entre outros benefícios da bioquímica. Podemos afirmar que nossa contribuição tem sido crucial para a melhoria de qualidade de vida no planeta.

Certamente, dentro de um assunto complexo, inúmeras perguntas ainda estão sem resposta. Ainda não conhecemos com exatidão a magnitude do efeito estufa, nem todas as suas conseqüências. Também não podemos prever em detalhes a toxicidade ou o poder mutagênico de todas as novas moléculas que são produzidas. No entanto, devemos nos empenhar, como químicos, na avaliação dos riscos ambientais de tudo o que é produzido.

Não podemos nos deixar dominar pelo modelo consumista induzido por esta atual estrutura econômica, pelo contrário, devemos nos empenhar em diminuir o consumo de bens naturais. Através de um mentalidade ecológica madura, poderemos garantir um ambiente sustentável para as futuras gerações.

(texto absorvido da revista Química Nova adaptado por Vinicius Silva)

Um comentário:

Anônimo disse...

Perfeito esse texto. Tinha coisas que não sabia!!!!

Carlos - 3ºano